Cassado desde 1928, o PCB volta à cena política em 1945, permanecendo na legalidade até 1947. Tempo suficiente para montar uma grande estrutura e conhecer o período áureo de sua história. De cerca de dois mil militantes no final dos anos 1920, o PCB passa a contar com 200 mil filiados. Mesmo com pouco tempo para a campanha, o desconhecido Yedo Fiúza, lançado pelo partido para concorrer à presidência da República em 1945, obtém a marca expressiva de 10% dos votos. O partido elegeu 14 deputados federais e fez de Luiz Carlos Prestes seu representante no Senado. A crescente popularidade do PCB rendeu-lhe grandes resultados nas eleições para prefeitos e vereadores de 1947, formando a maior bancada do Distrito Federal.
Diversos fatores motivaram a entrada em massa de intelectuais e do operariado no partido. Entre eles, a campanha vitoriosa da União Soviética no combate às forças do Eixo; a volta do PCB à legalidade num cenário de relativa distensão política, caracterizada pela democratização de 1945; e o prestígio de Luiz Carlos Prestes, no partido desde a década de 1930. Jorge Amado, Graciliano Ramos, Monteiro Lobato, Edison Carneiro, Cândido Portinari, Dorival Caymmi, Procópio Ferreira, Nélson Pereira dos Santos, Oscar Niemeyer, o maestro Francisco Mignone, o jornalista Pedro Mota Lima, o cronista Álvaro Moreyra, o pianista Arnaldo Estrela e o cientista Mário Schemberg faziam parte do respeitável grupo de intelectuais filiados ao PCB.
Os intelectuais e os artistas do PCB colocavam em prática a política cultural do partido, baseada no realismo socialista, modelo estético stalinista que chegou ao Brasil na segunda metade dos anos 1940. A produção de uma arte "genuinamente" proletária era um dos principais instrumentos de educação política das massas. Cabia aos intelectuais do partido alfabetizar os "camaradas" iletrados e ministrar "aulas de conhecimentos gerais", além de esclarecer pontos fundamentais da teoria marxista-leninista. Teatro, cinema, cartazes, exposições, conferências, poemas: todos os recursos materiais e humanos disponíveis eram utilizados a serviço da causa comunista.
Dispondo de uma estrutura bastante razoável, a imprensa comunista nos anos 1945-1947 cresceu vertiginosamente. O partido contava com diversos jornais e revistas, além de duas editoras, o que deu um grande impulso ao trabalho de divulgação do comunismo no Brasil. Voltado para as massas, o diário comunista Tribuna Popular, de circulação nacional, chegou a tiragens de 50 mil exemplares. Veiculava notícias das agências comunistas internacionais, publicava matérias sobre o movimento operário e a luta camponesa, mas também dava substancial espaço para o entretenimento, visto como um importante instrumento de educação política das massas. Falava-se de cinema, teatro, esportes (com destaque para o futebol), música, notas sociais, fofocas sobre políticos e personalidades em evidência. Os anunciantes, em muitos casos, buscavam uma associação entre os produtos e a linha política do partido, como no caso do "Sabão Russo – contra erupções, espinhas e panos" ou dos perfumes Cavaleiro da Esperança. Na compra dos perfumes por atacado, o consumidor era contemplado com folhinhas com retrato de toda a bancada comunista na Constituinte de 1946.
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